Discutir “tratamento precoce” é delirante e contraproducente, diz ex-secretária na CPI da Covid-19

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Em depoimento à CPI da Covid, nesta quarta-feira (2 de junho), a ex-secretária de enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde, Luana Araújo, afirmou que a discussão sobre o tratamento precoce –defendido pelo próprio presidente Jair Bolsonaro -, é “delirante, anacrônica e contraproducente”.

“Quando eu disse um ano atrás que nós estávamos na vanguarda da estupidez mundial, eu infelizmente ainda mantenho isso em vários aspectos, porque nós ainda estamos aqui discutindo uma coisa que não tem cabimento. É como se a gente estivesse escolhendo de que borda da Terra plana a gente vai voar; não tem lógica”, afirmou.

A declaração foi dada após ser questionada pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), se debateu a possibilidade de tratamento precoce contra a covid-19 com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

A médica também foi questionada sobre a realização da Copa América no Brasil, anunciada na última segunda-feira (31 de maio). Veja a resposta dada pela depoente:”Esse assunto nunca existiu entre nós”, disse Luana Araújo. “O ministro é um homem da ciência. Todos nós somos absolutamente a favor de uma terapia precoce que exista. Quando ela não existe, ela não pode se tornar uma política de saúde pública”.

Em diversos momentos, a médica também defendeu a testagem em massa como forma de impedir a disseminação do vírus, e disse que sugeriu mudanças na política de testagem atual.

“Acho que é público que o nosso programa de testagem, até esse momento, era um programa com inúmeras falhas, um programa reativo, um programa que precisava retomar as rédeas do diagnóstico e do rastreamento de contato de pacientes, que, infelizmente, não tinha sido levado a cabo até esse momento”, defendeu Luana.

Em outro momento, a médica ainda defendeu que todas decisões a respeito do combate à pandemia no Brasil devem ser “pactuadas com todas as esferas de Governo”, e que isso teria “faltado” na gestão do governo atual.

“E eu acho que essa é uma das razões pelas quais o ministro Queiroga insistiu tanto na criação dessa secretaria, que tinha por objetivo, tem por objetivo, fazer essa coordenação, promover essa melhor coordenação neste momento”, acrescentou Luana.

Kit covid

Sobre o kit covid, do tratamento precoce, a médica infectologista fala que não há demonização da cloroquina ou hidroxicloroquina. Segundo ela, as drogas são válidas em alguns casos. “Essas medicações têm o seu valor, quando bem indicadas, na dose correta, e para o paciente que pode utilizá-las”, disse.

Questionada sobre a autonomia dos médicos pelo Ministério da Saúde para receitar esse tipo de medicamento, Luana ressaltou que os profissionais podem sugerir, desde que assumam as responsabilidades.

“O profissional tem direito de indicar da maneira que ele considerar correta, mas ele precisa ser responsabilizado por aquilo que ele faz”, afirma. Por Thaís Moura, Do Congresso Em Foco.

Imunidade de rebanho

A médica afirmou que a chamada imunidade de rebanho, defendida pelo presidente e seus aliados, é “impossível de se atingir” devido ao alto nível de mutação genética do vírus.

“Isso tudo para explicar que uma imunidade de rebanho natural dentro do Sars-CoV-2 e da doença covid-19 é impossível de ser atingida. Não é uma estratégia inteligente”, disse.

Para a médica, a vacinação é o caminho. “Com a vacinação, a gente consegue induzir uma resposta ao mesmo tempo mais sólida aparentemente do que a infecção natural e em um período de tempo mais curto”, explicou.

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