Estudante de Pires Ferreira que descobriu novo asteróide se dedica a difundir a ciência

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A estudante Maria Larissa Pereira Paiva, que cursa a 2ª série do Ensino Médio técnico em Administração na Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Antônio Tarcísio Aragão, em Ipu, participou de uma “caça aos asteroides” promovida pela Agência Espacial Americana (Nasa) e descobriu um corpo celeste até então nunca visto. A jovem, que tem 16 anos e mora na cidade vizinha, Pires Ferreira, é apaixonada por Astronomia desde criança e trabalha fortemente pela propagação do conhecimento na área. Agora, se empenha em difundir a ciência e incentivar outros estudantes da região.

A catalogação do asteroide descoberto por Larissa será feita pelo Minor Planet Center (em português, Centro de Planetas Menores), da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

A estudante ficou sabendo da iniciativa por intermédio de um grupo voluntário de divulgação científica, que conheceu nas redes sociais, chamado InSpace, do qual é a única cearense participante. A oportunidade foi possível porque Larissa conseguiu um notebook emprestado com um amigo. O equipamento era necessário para a realização da atividade.

“É uma saga em busca de pontinhos”, explica. “Eu detectei primeiro o movimento do astro. Depois, prestei atenção a características importantes exibidas na tela. Quando vi que todas as supostas informações batiam, disse: ‘opa, achei você!’ Marquei o pontinho e relatei ao Minor Planet Center. A sensação de pesquisar por meses, virar noites observando aqueles pontinhos e finalmente ver meu nome e localidade no site deles foi indescritível. Pulei de alegria por achar que, muito provavelmente, estarei colaborando com a ciência que mais amo no universo e, melhor ainda, poderei inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo”, vibra a jovem.

Larissa, que pretende fazer faculdade e pós-graduação no campo da Astronomia, já é uma referência no assunto na comunidade em que vive. “Meus amigos e familiares tiram dúvidas comigo e, quando isso acontece, penso que estou conseguindo trazer a ciência para a realidade da minha região. Talvez, minha primeira palestra tenha sido para a família e os amigos, explicando sobre fenômenos básicos, como rotação e translação da Terra. Isso é muito importante para mim, em diversos aspectos. Não é sobre ter seguidores, é sobre gerar impacto e incentivo”, argumenta.

Difusão

“Quero ser pesquisadora, colaborar para o planeta ao estudar sobre o espaço. Porém, essa minha vontade de ser astronauta não excede a de ser astrônoma e fazer divulgação científica nas escolas, principalmente públicas, do Brasil. Penso em desenvolver meu projeto ou empresa, que tornará possível a inclusão da Astronomia nas comunidades pobres do País. Eu quero que as crianças mantenham o brilho nos olhos quando olham para o céu. Acho que todos nós merecemos ter asas. É por isso que eu decidi trabalhar voluntariamente pela divulgação científica”, ressalta a estudante.

Larissa também obteve outras duas conquistas significativas em 2021: foi medalhista de prata na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) e bronze na Mostra Brasileira de Foguetes (Mobfog).

O fascínio pelo céu teve início numa vez em que, ainda criança, Larissa perguntou à avó Mundinha o que eram as estrelas. “Ela me apontou as ‘Três Marias’. Fiquei muito interessada a respeito daquilo tudo. ‘Nossa, elas têm nome? E aquela? E aquela outra?’ Aqui, no interior, dá para ver muitas estrelas. Muito mais do que em centros urbanos. Mais tarde, quando tive acesso à internet pela primeira vez, descobri muita coisa sobre o universo, sem sair do lugar”, relembra a estudante.

A relação com o mundo dos astros é tão forte, que até rendeu um apelido à Larissa: “Larittrix” – nome que ela faz questão de citar e explicar a origem. “As ‘Três Marias’ formam o Cinturão de Órion, que é apenas uma parte daquela constelação. Ao redor desse cinturão, existem quatro outras estrelas, e uma delas é a modesta Bellatrix. Ela não chama tanta atenção de primeira, mas brilha intensamente e é maravilhosamente azul. Eu sempre gostei muito dessa estrela. Por isso, certa vez, somaram Larissa com Bellatrix, e um t adicional, para ‘enfeitar’. Foi assim que surgiu Larittrix, e eu amei!”, explica.

Mobilização

Com o interesse de não guardar o conhecimento apenas para si, mas proporcioná-lo ao maior número de pessoas possível, Larissa incentivou a participação de estudantes da rede municipal de Pires Ferreira na OBA e na Mobfog. Com isso, pela primeira vez, um grupo de alunos do 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Antônio Silvano Balacó estive presente em ambos os certames neste ano.

“Eu e o professor Domingos Neto oferecemos aulas sobre o assunto e alguns alunos participaram, a maioria meninas, a coisa mais linda. O resultado foi que eles receberam 13 medalhas! Isso representou, para mim, o início da realização de um sonho, que é levar a ciência para as pessoas e levar as pessoas para a ciência. De coração, fiquei extremamente feliz por contribuir com meu município e comunidade”, considera.

“Um dos planos do meu programa, ‘Pires Ferreira nas Estrelas’, é que todas as crianças e escolas nos próximos anos possam participar”, complementa.

E por falar em olimpíada, Larissa diz estar desenvolvendo uma competição própria, a AstrOlimpíada, da qual poderão participar pessoas “de todas as idades”. A organização do certame tem sido feita em parceria com a amiga Milena Xavier, que conheceu na internet. As inscrições, segundo a jovem, abrirão ainda neste mês e mais informações estarão disponíveis no perfil do Instagram @astrolimpiada. “Nossa missão é oferecer estímulo de forma democrática. Estou animada e, desde já, convido todos a embarcarem nessa!”, convoca a estudante.

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