A demanda internacional por frutas produzidas no Ceará apresenta crescimento significativo. As vendas de melão, principal produto do segmento voltado ao mercado exterior, por exemplo, cresceram de US$ 6 milhões para US$ 14 milhões, quando comparados o primeiro semestre de 2019 com igual período deste ano. E a expectativa dos produtores de melão é concluir 2020 com um incremento superior a 10%, superando as adversidades da pandemia da Covid-19, que criou incertezas no setor.
“A maior produtora de melão no Ceará (Agrícola Famosa), que estava exportando 150 contêineres de frutas por semana, teve um incremento nos últimos dias de 67%”, observa Sílvio Carlos, secretário executivo do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet). “O mercado internacional está se normalizando para nossas frutas e está voltando com um dinamismo surpreendente ante as expectativas iniciais dos produtores em relação a Covid 19”, afirma.
O presidente do conselho de administração da Itaueira, com unidades no Ceará e outros três estados nordestinos, lembra que “no início do ano, os produtores estavam cautelosos em ampliar área cultivada; até o tráfego de frutas estava difícil por causa das exigências fitossanitárias de cada região. Mas a realidade é que, seja no mercado nacional ou internacional, as pessoas precisam continuar se alimentando com produtos de qualidade”.
“As encomendas da Europa nos últimos dias foram positivamente surpreendentes. Os pedidos estão sendo realmente maiores que a nossa programação de cultivo”, relata Luiz Barcelos, que tem cerca de 9 mil hectares cultivados – metade deles no Ceará, parte no Rio Grande do Norte, Pernambuco e Piauí.
Apesar de um período longo de secas, ele avalia que as exportações da Agrícola Famosa vão subir das 135 mil toneladas registradas em 2019 para 150 mil toneladas neste ano, mantendo quase 8 mil empregos diretos no campo. “A pandemia trouxe incertezas também para o principal produtor de melão na Europa, a Espanha, que por causa do Covid teve dificuldade de contratar mão-de-obra de outras regiões”, pondera.
Novos mercados
Outro fator favorável à produção do melão foram as chuvas acima da média no Ceará em 2020, segundo Luiz Barcelos. “Ajudaram (as chuvas) a lavar o solo e recompor o volume dos poços que usamos na irrigação, elevando a produtividade das lavouras”. E a expectativa é de ainda mais crescimento com abertura de novos mercados, a exemplo da Ásia/China e países do Oriente Médio.
“Estamos realizando neste mês de agosto o primeiro grande embarque de melões para a China. Se eles aprovarem a logística de transporte, o sabor e as variedades que podemos oferecer, estaremos diante de um mercado gigantesco para o melão produzido no Brasil. Talvez haja espaço para dobrar a produção de cerca de 20 mil hectares atualmente cultivados no Brasil”, calcula Luiz Barcelos.
“A incerteza sobre a disposição do mercado para a compra das frutas que havia há dois meses está se dissipando. Mesmo que persistam algumas indefinições, a tendência é que o valor as exportações supere o ano passado, até porque o câmbio ( dólar) está favorável”, argumenta Edson Brok, proprietário da Tropical Nordeste, uma das principais exportadoras de bananas do país.
Uma sinalização positiva para o mercado de frutas acontecerá até o fim dessa semana, quando será realizado o primeiro grande embarque de frutas produzidas no Ceará em 2020. A exportação da safra 2020/2021 será iniciada por um navio da MSC (Mediterranean Shipping Company) em direção a portos do norte da Europa.