Os últimos dados apresentados em celebração ao Dia Mundial da Obesidade (04/03) feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) apontou que os casos de obesidade atinge o número de 1 bilhão, sendo 650 milhões adultos, 340 milhões adolescentes e 39 milhões crianças. A OMS ainda estima que até 2025, cerca de 167 milhões de pessoas de todas as idades ficarão menos saudáveis em decorrência do sobrepeso ou obesidade.
Segundo o relatório “Strengthening mental health responses to COVID-19 in the Americas: A health policy analysis and recommendations”, publicado na revista inglesa The Lancet Regional Health-Americas, um dos fatores que desencadeou um aumento significativo no número de obesos, anoréxicos e bulímicos, está diretamente relacionado a transtornos mentais causados na pandemia. O relatório apresenta dados de pesquisas realizadas pela Universidade da Filadélfia com crianças e adolescentes no período de 2019 e 2020 onde a obesidade subiu de 13,7% para 15,4% em pouco menos de 6 meses e uma das causas foi o afastamento do convívio social durante a pandemia.
Segundo pesquisa realizada pela empresa de marketing We Are Social, os jovens brasileiros gastam em média três horas por dia nas redes sociais. Tal expressividade despertou curiosidade da ONG ingles Girlguiding a elaborar um estudo que contou com jovens de 11 a 21 anos e revelou que a relação entre as redes sociais e a vida real, representam um perigo iminente que também afetam os adolescentes homens.
No último dia 19, o The New York Times publicou um estudo sobre a influência das redes sociais na vida dos jovens e como isso tem causado preocupação médica mundial pela crescente onda de jovens buscando corpos esculturais, transtornos comportamentais relacionados ao corpo, depressão, ansiedade e vigorexia. Declarada em 2011 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a vigorexia trata-se de um dos vários transtornos comportamentais que tem levado homens e mulheres a doenças crônicas e que estão relacionadas à busca empírica pelo corpo perfeito. O estudo revelou ainda que 50% das entrevistadas conversam com seus pais sobre a pressão e percepção de corpo perfeito, mas que apenas 12% dos pais realmente se preocupavam com isso.
Para Jivan Kourjian, diretor geral da MD2 Nutrition, o padrão de beleza apresentado pelas blogueiras e influenciadoras digitais pode afetar significativamente a autoestima das pessoas e o que era massivamente para o público feminino, hoje já afeta o público masculino em proporções equivalentes. “Influenciados pela mídia, os jovens sofrem mais com essa busca e têm cada vez mais intensificado seus treinos, realizando dietas encontradas na internet com promessas de resultados imediatos e travando verdadeiras batalhas contra a balança e o espelho muitas vezes com receio de sofrer com desaprovação social”, comenta.
A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabolica (Abeso) emitiu alertas sobre as falsas promessas de emagrecimento que as redes sociais têm promovido e ressalta a importância de buscar orientação especializada. Segundo a Associação, campanhas de conscientização previstas para esse ano podem contribuir para a redução dos casos dos transtornos psicológicos entre jovens.
De acordo com o relatório elaborado após pesquisa “Obesidade e a Gordofobia 2022 – Percepções” realizada pela ABESO e pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), onde participaram 3.621 pessoas com IMC médio de 36,9 kg/m2 sendo 89% mulheres, identificou que mais de 85% dos participantes sofreram algum tipo de constrangimento por conta do peso. A pesquisa também revelou que 93,6% dos participantes já tentaram perder peso. Dentre os participantes que tentaram perder peso por conta própria, a maioria tentou através de dieta e exercício físico, mas 18,7% fizeram uso de abordagens heterodoxas, como chás, produtos vendidos na internet e medicamentos sem prescrição médica.
“Primeiro de tudo, qualquer pessoa que deseja realizar uma atividade física, precisa passar por um médico para ver quais as possibilidades, condições físicas e metabólicas, após isso, ter o acompanhamento de um nutricionista ou endocrinologista é primordial para conhecer os limites do próprio corpo e aí então buscar uma suplementação adequada para os seus objetivos. Vale lembrar que nenhuma pessoa é igual à outra e o que serve para um, não necessariamente servirá para você”, finaliza Jivan.