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quinta-feira, 7 de novembro de 2024
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Litoral Leste: Número de motos é quase 3 vezes mais que habilitados na categoria A

Por Equipe do Ceará Leste

O número de motos cadastradas no Departamento Estadual de Trânsito (Detran/CE) ultrapassa o quantitativo de habilitados com categoria A no Ceará. São 1.514.861 motocicletas no estado para 250.583 habilitados. Os dados são de registro até abril de 2022.

Segundo o Detran/CE, das 1.514.861 motocicletas no Ceará, 328.001 estão na capital e 1.186.860 estão no interior.

A disparidade também ocorre nos 8 municípios que compõem a região do litoral leste do estado. No total, são 50.896 motocicletas para 15.432 habilitados com categoria A. Ou seja, quase três vezes mais motocicletas que pessoas habilitadas. A reportagem não levou em conta os habilitados nas categorias AB, AC, AD e AE.

CIDADES MOTOCICLETAS HABILITADOS

CATEGORIA A

Aquiraz 10.053 2.139
Aracati 10.050 2.284
Beberibe 5.520 804
Cascavel 9.174 3.074
Eusébio 7.418 1.613
Fortim 1.711 429
Icapuí 4.494 4.494
Pindoretama 2.476 595

                                     Abril de 2022. Fonte: Detran-CE

Os números chamam atenção, principalmente pela motocicleta ser um dos veículos que mais causam acidentes de trânsito. Dados apontam que conduzir veículo sem habilitação é a terceira maior infração de trânsito registrada no Ceará.

Por que isso acontece?

De acordo com Ubiratan Teixeira, Diretor de Educação do Detran-CE, isso acontece em razão de três fatores.

“Primeiro da mudança cultural que houve, drasticamente, na troca do animal pela motocicleta. Praticamente a motocicleta faz tudo na zona rural. Tudo que se fazia através do animal, hoje é feito com a moto”, pontua o diretor.

“Outro fator é o próprio poder aquisitivo: a motocicleta é muito mais barata e mais econômica; o custo de manutenção também é mais econômico se comparado com o carro”, completa ele.

Como terceiro fator, Teixeira aponta a própria pandemia, que fez aumentar o uso da tele entrega, também conhecida como delivery.

“Esses três movimentos fizeram com que houvesse uma mudança radical no número de aquisições de motocicletas. Evidentemente tudo isso traz um transtorno muito grande, porque a motocicleta é muito vulnerável, é campeã no número de acidentes”, constata o diretor.

O que pode ser feito?

Teixeira fala que há um pedido feito incansavelmente, enquanto órgão de trânsito, pela integração ao sistema nacional dos municípios, “o município se adequar, se municipalizar, tendo ele como competência constitucional de gerir o trânsito em seu próprio município”, explica ele.

O diretor destaca que dos 184 municípios cearenses, apenas 84 destes estão integrados ao sistema nacional.

O município, estando integrado ao sistema nacional, passa a ter um controle geral de todas as atividades que dizem respeito ao trânsito. Um controle através de permissões que a prefeitura concede ao mototaxista, ao taxista, ao transporte alternativo, ao entregador de aplicativo. A prefeitura fazendo esse controle, naturalmente, vai mapeando todos estes profissionais e identificando que eles estão habilitados”, ressalta ele.

“Quando a prefeitura não está integrada ao sistema, evidentemente que esse descontrole faz com que as pessoas possuam mais motocicletas, e não tenham preocupação de tirar sua CNH. Tanto é porque o município não tem a sua fiscalização, salvo quando esse usuário vai para uma CE ou rodovia federal, e certamente a polícia estadual ou federal ou o próprio Detran vai notificá-lo”, completa.

O diretor ainda ressalta a importância de programas que intensifiquem a formação destes profissionais, que precisam estar habilitados, e que essa mobilização do ensino seja voltada para capacitá-los.

“Há um conjunto de esforços que têm que envolver seriamente políticas públicas, voltadas para esse público, para que a gente possa diminuir essa disparidade”, finaliza ele.

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