O Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (Hospital de Messejana), da Rede de Hospitais da Secretaria da Saúde do Ceará, está completando 90 anos nesta segunda-feira, 1º/5. A unidade hospitalar é voltada para assistência de alta complexidade, ensino, pesquisa e inovação, sendo especializado no diagnóstico e no tratamento de doenças cardíacas e pulmonares.
No local, são acolhidos pacientes dos 184 municípios cearenses e de outras regiões do Brasil. O HM tem capacidade operacional de 463 leitos de internação, sendo 70 deles de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O Hospital tem atendimento 24 horas em urgência e emergência em Cardiologia e Pneumologia e 25 ambulatórios do Serviço de Pacientes Externos. Mensalmente são realizados mais de dez mil atendimentos de urgência e emergência, mais de seis mil consultas ambulatoriais e quase 300 cirurgias.
Para o médico cardiologista e diretor do Hospital, Carlos Augusto Lima Gomes, a multidisciplinaridade e a dedicação dos profissionais é o que torna a unidade um lugar especial. “Uma estrutura integrada que tem a alegria das pessoas compromissadas com o bem-estar do paciente. Todos os profissionais da saúde são estimulados em suas atividades. Essa integração é fundamental para, por exemplo, o paciente que vai passar por uma cirurgia cardíaca e precisa de um tratamento dentário. Forte também é a Fisioterapia, um verdadeiro celeiro, e o Serviço Social, que lida diariamente com diversas realidades”, cita.
Doutor Carlos Augusto, que foi interno e residente do Hospital, guarda muitas memórias, dentre elas, o início dos transplantes cardíacos na unidade em 1999. Hoje, o HM é referência no Brasil em transplantes cardíacos e pulmonares.
A unidade realizou, até março deste ano, 503 transplantes cardíacos, sendo 427 adultos e 78 pediátricos (2002 – 2023), ficando atrás apenas do Instituto do Coração (InCor), localizado em São Paulo, com mais de mil transplantes. Antes disso, em junho de 2011, o Hospital de Messejana foi a primeira unidade do Norte e Nordeste a realizar transplante pulmonar, contabilizando 51 procedimentos até março de 2023.
Da década de 1990 para cá, muitas experiências fizeram parte da carreira profissional de Carlos Augusto, mas a pandemia enfatiza o médico, reafirmou a vocação de cuidar das pessoas. “Eu nunca fui tão útil como na pandemia, nunca as pessoas precisaram tanto de mim. Ou você é médico e entra na guerra, ou você foge e se afasta. Então, para mim, foi um motivo de alegria servir à humanidade, sendo amor e a mão de Deus. Eu nasci para isso, para ser médico e servir. Todos os esforços foram feitos para salvar vidas. Praticamente, quase todos os nossos leitos foram ocupados por pacientes covid”, reconhece.
Também são setores importantes a Unidade de Alta Complexidade em Oncologia; Reabilitação Cardíaca e Pulmonar; Programa de Controle do Tabagismo; Atendimento Domiciliar; Estomaterapia; Odontologia; Cuidados Paliativos; entre outros serviços. O HM possui ainda os Centros Cirúrgicos, Centro de Imagem e Laboratório de Análises Patológicas.
Sobre os atendimentos, o diretor aponta que está sendo registrado um aumento considerável após as ondas mais graves da pandemia da covid-19. “Messejana é um Hospital de portas abertas para o Ceará. Mas a pandemia deixou um rastro no aumento de internação. Antes, eram internadas cerca de 900 pessoas e, agora, internamos quase 1.300 por mês. Isso foi muito súbito. O coração está adoecendo mais as pessoas. E nossa estrutura para o cardiopata é muito diferenciada, que se difere dos outros hospitais”, pondera.
Para responder à nova demanda, a Sesa está renovando o parque de equipamentos de ecocardiograma do HM, o que deve torná-lo o mais moderno do País. Além disso, o serviço de Hemodinâmica também está sendo ampliado.
Legado em saúde pública
A humanização e o aperfeiçoamento contínuo estão na essência do Hospital de Messejana, que foi inaugurado em 1933 a partir do sonho de três médicos cearenses: João Otávio Lobo, Lineu de Queiroz Jucá e Pedro Augusto Sampaio, com apoio de Dona Libânia Holanda. Inicialmente, a unidade, projetada pelo arquiteto húngaro Emílio Hinko, era voltada para o tratamento da tuberculose no estado, como explica o médico e ex-diretor do HM, Frederico Augusto de Lima e Silva.
“Os bangalôs, de inspiração europeia, foram construídos separados e abertos para evitar o contágio da tuberculose, que era transmitida pela gotícula de saliva quando tossia e cuspia. Recentemente passamos pela pandemia da covid, eu fiquei aqui até a hora que me afastaram porque sou idoso, do grupo de risco. A história mostra que os cearenses têm que ter muito orgulho desse Hospital, que é diferente e tem uma alma cheia do amor dos profissionais que trabalham nele”, reforça. Trechos do texto de Larissa Falcão, da Ascom da Casa Civil.