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sexta-feira, 8 de novembro de 2024
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Livro conta a história do teatro de bonecos de Bil Bonequeiro de Pindoretama

Por Ricardo Oliveira Ruiz*, especial para o Ceará Leste

No próximo dia 10 de junho, no Centro Cultural de Pindoretama, ocorrerá o lançamento do livro “Bil, o bonequeiro”, sobre a cultura popular do teatro de bonecos (marionetes, fantoches e títeres), de autoria da professora e escritora Bárbara Maria Lopes de Souza Costa.

Segundo Bárbara Costa, o livro “traz a história do mestre da cultura cearense, o pindoretamense Bil Bonequeiro. A leitura de cada página lhe apresentará a infância, a vida adulta, o encontro com a arte, a feitura dos bonecos, as primeiras apresentações, a fama do artista que nasce na Princesa das Terras Benditas e alcança projeção em outros estados brasileiros e em livros de pesquisa acadêmica de diversas universidades”.

Em Pernambuco e Estados do Centro-Sul (incluso o Distrito Federal), o teatro de bonecos denomina-se Mamulengo; Paraíba e Pernambuco: Babau ou Benedito; Rio Grande do Norte: João Redondo; Ceará, Piauí e Maranhão: Cassimiro Coco; Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo: Briguela ou João Minhoca; Bahia: Mané Gostoso etc.

O teatro de bonecos, histórias geralmente improvisadas e com diálogos inventados na hora, tem origem no antigo Oriente (China, Índia, Java e Indonésia), chegando à Europa. Na Idade Média, a Igreja Católica difundiu esse teatro como forma de evangelização. Na América, o teatro chegou no século XVI.

Os tipos de personagens desse teatro podem ser como bonecos de mão ou de luva, bonecos de vara, bonecos de fio e teatro de sombras (projetar sombras em um telão semitransparente).

Bil Bonequeiro, apelido dado pela meninada (Bil, o homem que bota bonecos), é o nome artístico de Raimundo Ferreira Pereira, nascido em Pindoretama quando distrito de Cascavel, em 17 de dezembro de 1963. Bil Bonequeiro é referência à atuação de Raimundo Ferreira Pereira no teatro de bonecos.

Adolescente com 10 anos, Bil Bonequeiro encantou-se com as brincadeiras do teatro de bonecos do pacajuense residente em Pindoretama, Raimundo Nonato dos Santos (1923 – 2011). Determinado, iniciou sua vida artística na cultura popular com o nome bonequeiro, construindo bonecos de coco seco.

Aconselhado por um amigo, a cabeça dos bonecos passou a ser confeccionada com raiz de timbaúba (Enterolobium contortisiliquum) e usando tinta óleo. Além do mais, seus personagens ganharam nome (Sanfoneiro, João Redondo, Vaqueiro e a dupla Chiquinho e Madalena) e voz.

Com 15 anos de idade, apresentava-se em festejos de Pindoretama.  Posteriormente, as apresentações ocorriam em comunidades adjacentes a Pindoretama, em outros municípios cearenses e Estados brasileiros.

Por volta dos 18 anos, o teatro de bonecos ajudou Bil Bonequeiro no sustento de sua família juntamente com o seu trabalho de consertar bicicleta. Ademais, Bil Bonequeiro confeccionava judas na Semana Santa (organizada festa de forró na queima do judas).

É relevante consignar que, em 5 de março de 2015, o teatro de bonecos foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural do Brasil e inscrito no Livro de Formas de Expressão do Patrimônio Cultural Brasileiro.

O reportado título deveu-se ao Dossiê Interpretativo “Registro do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste: Mamulengo, Babau, João Redondo e Cassimiro Coco” (Brasília, junho de 2014), de autoria das pesquisadoras Dra. Izabela Costa Brochado (Universidade de Brasília) e Dra. Adriana Schneider Alcure (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

As supraditas pesquisas foram realizadas nos Estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e no Distrito Federal, e a história de Bil Bonequeiro consta neste dossiê.

Registre-se que, de janeiro de 2013 até dezembro de 2020, Bil Bonequeiro assumiu, a convite do coordenador Josivan Freitas da Silva, um cargo comissionado na Coordenação de Cultura da Secretaria de Educação, Cultura e Desporto/Educação, Cultura e Juventude da Prefeitura de Pindoretama.

Em 13 de fevereiro deste ano, Bil Bonequeiro tomou posse na Secretaria de Cultura de Pindoretama. E na Escola de Artes de Pindoretama, por iniciativa do Secretário de Cultura, Ricardo Costa, está acontecendo a Oficina de Teatro de Bonecos de Bil Bonequeiro. Iniciativa que merece encômios.

A propósito, por sugestão nossa em conversa com a direção do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP), no Rio de Janeiro/RJ, via professor Josivan Freitas da Silva, o ex-prefeito de Pindoretama, Valdemar Araújo, encaminhou um dossiê e dois bonecos de Bil Bonequeiro para o acervo desse órgão federal.

Por fim, a nosso juízo, bem que o Poder Público Municipal de Pindoretama poderia reconhecer o teatro de bonecos de Bil Bonequeiro como Forma de Expressão do Patrimônio Cultural da cidade.

*Ricardo Oliveira Ruiz é professor aposentado do Instituto Federal do Ceará e colaborador do Ceará Leste.

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