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quarta-feira, 13 de novembro de 2024
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“Vice dos sonhos”, segundo FHC, Marco Maciel ganha biografia

Quando o político catarinense Jorge Bornhausen se elegeu senador pela primeira vez, pediu conselhos ao já senador pernambucano Marco Maciel, àquela altura já um veterano ocupante de uma vaga no parlamento. Marco Maciel lhe passou a seguinte recomendação: “Chegue em Brasília na segunda-feira. Evite participar de CPI e da Comissão de Orçamento”.

O conselho dado por Marco Maciel a Bornhausen, que se tornaria um de seus amigos mais próximos, define “O Estilo Marco Maciel”, título da sua biografia, de autoria do jornalista pernambucano Magno Martins, que será lançada nesta quinta-feira (24) no Rio de Janeiro, em cerimônia na Academia Brasileira de Letras (ABL). Marco Maciel ocupou a cadeira de número 39 da ABL, que antes foi de Roberto Marinho, e hoje é ocupada por José Paulo Cavalcanti.

Chegar na segunda-feira era uma garantia de conseguir se inscrever para falar na sessão de debates no plenário. Algo que, ao longo do tempo, pode ter mantido respeitabilidade, mas perdeu relevância, com o avanço da comunicação dos políticos via redes sociais. Palco mesmo os políticos ganham ao participar de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). E dinheiro e poder nos seus estados e municípios, quando definem as verbas milionárias do orçamento.

Mapa do Chile

Extremamente alto e magro, Marco Maciel tinha o apelido de “Mapa do Chile”, comprido e estreito. Associando-se sua magreza à sua discrição, brincava-se em Brasília, que Maciel era tão magro e tão discreto que quando estava de frente achava-se que ele estava de lado; quando estava de lado achava-se que ele já tinha ido embora.

Não dormia

 Fazia parte também do estilo Marco Maciel dormir pouquíssimo e praticamente não comer. Certa vez, uma sessão de autógrafos de um livro do senador estendeu-se pela madrugada. Um político do Nordeste só conseguiu a sua vez às 2h30 da madrugada. Pediu, então: “Senador, além do autógrafo, pode, por favor, a hora. Minha mulher não vai acreditar que eu estava aqui até essa hora para pegar seu autógrafo”.

 Em uma campanha, depois de viajar por horas, Maciel chegou a uma lanchonete do aeroporto e pediu: “Uma Coca e um sanduíche”. O acompanhante respondeu: “Também estou com fome”. E Maciel: “A gente divide”.

Alzheimer

O livro de Magno traz ainda um emocionante depoimento de Ana Maria Maciel, viúva do ex-senador e ex-vice-presidente, sobre seus dez anos de sofrimento, vítima do Mal de Alzheimer.

O advogado, professor de Direito e político pernambucano faleceu em Brasília no dia 12 de junho de 2021.

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