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quarta-feira, 30 de abril de 2025
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Mais uma, governador?

Por Mário Mamede

A cada anúncio que o governador tem feito para atender aos interesses de um grupo, sou surpreendido por suas falas aparentemente precipitadas ou por acordos feitos sem nenhuma oportunidade de uma discussão democrática.

Para agradar o coronelato da PM, prometeu mandar de volta o Hospital José Martiniano de Alencar, hoje integrado ao SUS, para a gestão da corporação militar, sem dizer de onde vai tirar os recursos para pagamento de pessoal, manutenção e insumos de uma unidade daquele porte. Esse é um erro grave de quem não conhece o Sistema Único de Saúde em seus princípios e organização.

Depois, num encontro com evangélicos, firmou o compromisso de colocar bíblias nas escolas públicas, talvez não tendo a compreensão do que seja um Estado Laico. Para contornar o impacto negativo da declaração, disse que, na verdade, iria colocar livros religiosos nas escolas. Será mesmo que a diversidade religiosa do País vai ser contemplada nessas bibliotecas?

E agora, no evento CRESCE CEARÁ, com a participação de representantes do agronegócio, ele disse que vai propor a modificação da Lei Zé Maria do Tomé e viabilizar a pulverização de agrotóxicos com drones, objetivando modernizar e aumentar a produtividade nessa atividade empresarial.

Ora, ao fazer tal anúncio, ele se esquece dos males que os agrotóxicos em chuvas de veneno produzem. O deputado Renato Roseno apresentou um projeto, hoje lei 16.820/2019, proibindo tal prática. O agronegócio recorreu para derrubar a lei, mas o Supremo Tribunal Federal confirmou a sua constitucionalidade. O interessante é que este projeto tem como coautor o então deputado estadual Elmano de Freitas, ex-militante do MST, onde atuou como advogado.

É oportuno lembrar ao governador um princípio que deve orientar sempre a práxis política: um político pode perder votos, eleições e mesmo amizades, mas nunca a credibilidade, pois esta nunca se recupera. No exercício da política, é preciso ter cara e lado, mesmo que, em alguns momentos, as decisões possam ser incompreendidas por alguns ou mesmo por muitos.

Permitir a pulverização aérea, significa levar contaminação ambiental, adoecimento, sofrimento e morte para muitas pessoas. Essa escolha tem nome: NECROPOLÍTICA. Publicado primeiro no blog Eliomar de Lima. 

*Mario Mamede é Médico e ex-deputado estadual do PT

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