A declaração da deputada estadual Lia Gomes, ao dizer que o irmão Cid comunicou ao Governador Elmano de Freitas que não fazia mais parte da base de apoio ao Palácio Abolição, selou o fim da aliança que durou 18 anos.
Segundo Lia Gomes, a alta concentração de poder nas mãos do PT foi o motivo do afastamento de Cid do Palácio da Abolição: ”Disse (ao governador) que não se sente mais fazendo parte do grupo porque acha que existe uma concentração de decisão nas mãos das pessoas do PT”, afirmou Lia Gomes.
Ao conversar com repórteres ao longo da semana na Assembleia Legislativa, Lia Gomes não escondia a inquietação diante dos conflitos surgidos após definição sobre o comando do Legislativo estadual. A inquietação se transformou no principal fato da política no Ceará em 2024. Lia cumpre agora o papel de interlocutora entre Cid e Ciro com o desafio de deixá-los do mesmo lado.
O conjunto de fatores acima listados determinou o fim de uma aliança que nasceu em 2006 quando Cid foi eleito Governador e tinha o atual Ministro da Educação, Camilo Santana, como um dos mais fiéis aliados.
Camilo ocupou os cargos de Secretário do Desenvolvimento Agrário e de Secretário de Cidades nas duas gestões Cid Gomes e, em 2014, foi escolhido candidato ao Governo do Estado. Camilo foi reeleito em 2018 e, mantendo a aliança com Cid Gomes, conquistou, em 2022, uma vaga ao Senado.
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
As informações nos bastidores da Assembleia Legislativa apontam que Cid Gomes se opôs ao PT ocupar o comando da Mesa Diretora e defendeu que a vaga ficasse com um pedetista.
FIM DA ALIANÇA PDT X PT
A eleição de 2022 foi marcada pelo rompimento dos irmãos Cid e Ciro: Cid e Camilo queriam a candidatura de Izolda Cela ao Palácio da Abolição, enquanto Ciro optou pelo nome do ex-prefeito Roberto Cláudio.
As divergências implodiram a aliança do PDT com o PT. Ciro perdeu com Roberto Cláudio e Camilo ganhou a eleição com Elmano de Freitas.
Entre 2022 e 2024, os conflitos internos provocaram divisões no PDT com a saída de Evandro Leitão para o PT e o pedido de desligamento de deputados estaduais e federais pedetistas.
A briga na Justiça atrasou a desfiliação dos parlamentares e todos ainda permanecem no PDT.
O PDT passou, porém, por um novo racha, com a eleição municipal de 2024: Roberto Cláudio apoiou à candidatura de André Fernandes (PL) e o presidente regional André Figueiredo optou pelo palanque de Evandro Leitão, o que abriu a porta para uma ala do PDT se reaproximar do PT. Agora, os conflitos entre Cid e o Palácio da Abolição tem novos desdobramentos com impacto na corrida eleitoral de 2026, quando estarão em jogo o Governo do Estado, a vice-governadoria e duas vagas ao Senado.