De olho na digitalização, empresas brasileiras aumentam gastos em tecnologia

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O isolamento social, marcado pela pandemia, já deixou marcas permanentes na forma como a sociedade se comporta. No campo dos negócios, por exemplo, é cada vez mais necessário que as empresas se atentem para as novas demandas criadas em torno do valor agregado a um negócio, que é o que permite fazer a ponte entre os produtos ou serviços aos seus clientes. É a chamada transformação digital corporativa.

Para acompanhar o ritmo da transformação digital, os investimentos em TI nas empresas cresceram em 2021 e 2022, representando, hoje, 8,7% da receita. Os dados são significativos, considerando que, nos últimos 34 anos, os gastos com tecnologia não passavam de 6% ao ano. É o que revela a 33ª edição da Pesquisa Anual sobre o Mercado Brasileiro de TI e Uso nas Empresas, também da Fundação Getulio Vargas (FGV).  A pesquisa ressalta ainda que a expansão na digitalização dos negócios traz como consequência maturidade para os negócios existentes e para viabilização de novos modelos de negócios.

Os novos investimentos são necessários para quem não quer ficar para trás diante de um mercado de consumo cada vez mais de olho em novas tecnologias. Nos últimos dois anos, os padrões de consumo deram um salto considerável para a era tecnológica. Em 2021, e-commerce brasileiro registrou um crescimento histórico de 26,9% em relação ao ano anterior, chegando a R$ 161 bilhões. Para 2022, a expectativa da Neotrust, empresa responsável pelo monitoramento de vendas online, é de um crescimento de cerca de 9%, batendo um novo recorde de R$ 174 bilhões no faturamento.  

Para as Micro e Pequenas Empresas (MPEs) brasileiras, a transformação digital corporativa já é parte do dia a dia de 66% dos empreendimentos, de acordo com o “Mapa de Digitalização das Micro e Pequenas Empresas Brasileiras”, realizado também pela FGV em conjunto com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Outros 68% estão dispostos a participar de um programa de aceleração da maturidade digital que os ajude no caminho da transformação digital.

De acordo com o gerente de negócios José Luiz da Rocha de Almeida Júnior, a transformação digital está no cerne das estratégias de todos os segmentos e tamanhos da empresa, o que permitirá a ela sobreviver em um mundo conectado e cada vez mais competitivo. “Esse é o grande desafio dos empreendedores e há muito tempo deixou de ser algo distante da realidade para se tornar a principal base para aumento de receitas, colaboração em equipe, fidelização de clientes e redução de custos”, disse. 

Adoção de tecnologias digitais como medidas de investimento, criação e integração de processos, engajamento da equipe interna e melhoraria na experiência do cliente estão entre as principais estratégias dos micros e pequenos negócios elencadas pelo especialista. O profissional, que acumula 21 anos de experiência na área de TI, ressaltou ainda que somente o uso das tecnologias digitais permitirá dar a base e o suporte para integração com funcionários, parceiros, fornecedores e clientes, todos em uma única cadeia, conectados pela alta tecnologia.

Para Almeida Júnior, o planejamento para a essa transformação digital nas MPES pode começar com os seguintes pontos de abordagem: objetivos, tecnologia a ser utilizada, gestão, processos e marketing digital.

“Para alcançar seu público-alvo, as MPES precisam de soluções digitais sob medida, como aplicativos próprios, web sites com chatbot, bem como a utilização de tecnologias abertas como os da Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp) e outras ferramentas das chamadas Big Techs [grandes empresas de tecnologia, que predominam o mercado]”, explicou.

Consumidores estão mais tecnológicos, aponta estudo

A transformação digital das empresas é impulsionada pela constatação de que os consumidores estão cada vez mais conectados, se comunicando e consumindo via tecnologias digitais. Isso pode ser constatado com o avanço dos dispositivos digitais no país, que, hoje, superam a marca de 447 milhões de unidades.

São mais de dois computadores, notebooks, tablets ou smartphones por habitante, utilizados predominantemente para realização de transações bancárias, compras e acesso às redes sociais, aponta estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV). Os dados mostram que o Brasil vai ultrapassar 216 milhões de computadores (desktop, notebook e tablet) em uso no país no início de 2023, atingindo um computador por habitante.

Além disso, o estudo mostrou que as vendas em 2021 tiveram um crescimento recorde de 27%, com 14 milhões de unidades. A tendência é que o trabalho ou estudo no formato híbrido vai estimular um aumento de uso e vendas de dispositivos digitais de 10%, ainda em 2022.