Governadores do Nordeste repudiam fala de Bolsonaro sobre filmagem de leitos

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Os nove governadores do Nordeste divulgaram carta nesta sexta-feira (12/6) na qual repudiam fala do presidente Jair Bolsonaro que estimulou a população a entrar em hospitais e filmar as instalações para mostrar se leitos estão ocupados ou não. “Não é invadindo hospitais e perseguindo gestores que o Brasil vencerá a pandemia”, dizem os governadores na carta.

Em uma transmissão ao vivo na noite de quinta-feira  (11/6), o presidente pediu a apoiadores que “arranjem”  um jeito de entrar em hospitais públicos ou de campanha que atendam pacientes com a covid-19 para filmarem o interior das instalações. Segundo ele, a ideia seria mostrar a real dimensão da epidemia causada pelo novo coronavírus. Com essa sugestão, Bolsonaro levantou a hipótese de que os dados referentes à doença no país estariam sendo manipulados. Ele chegou a dizer que, apesar de gostar do ex-ministro Henrique Mandetta, ele “deu uma inflada” nos números sobre a covid-19.

Os governadores afirmam que, ao recomendar que a população vá aos hospitais, Bolsonaro atenta contra todos os protocolos médicos, desrespeitando profissionais e colocando a vida das pessoas em risco, principalmente aquelas que estão internadas nessas unidades de saúde.

“O presidente Bolsonaro segue, assim, o mesmo método inconsequente que o levou a incentivar
aglomerações por todo o país, contrariando as orientações científicas, bem como a estimular
agressões contra jornalistas e veículos de comunicação, violando a liberdade de imprensa garantida
na Constituição.”

No documento, os governadores da região afirmam também que, desde o início da pandemia, têm buscado atuação coordenada com o Governo Federal, porém queixam-se da ausência de resultados.

“O Governo Federal adotou o negacionismo como prática permanente, e tem insistido em não reconhecer a grave crise sanitária enfrentada pelo Brasil, mesmo diante dos trágicos números registrados, que colocam o país como o segundo do mundo, com mais de 800 mil casos”, prossegue o documento.

Na carta, os governadores criticaram, ainda, investigações destinadas a apurar desvios com gastos relacionados à gestão de saúde. Segundo eles, têm havido abusos e instrumentalização política de investigações. As autoridades locais classificam as operações, inclusive nas casas de alguns governadores, como “espetaculares”.

Na quarta-feira (10/6), o governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB), foi um dos alvos da Operação Bellum, deflagrada pela Polícia Federal para investigar se houve fraude na compra de respiradores pulmonares. Os equipamentos deveriam ser destinados ao atendimento de pacientes com covid-19Houve buscas nas residências do governador, de sócios da empresa investigada e de servidores suspeitos de participarem de irregularidades, na Casa Civil e nas secretarias de Saúde e Fazenda.

“Estamos inteiramente à disposição para fornecer TODOS os processos administrativos para análise de qualquer órgão isento, no âmbito do Poder Judiciário e dos Tribunais de Contas. Mas repudiamos abusos e instrumentalização política de investigações. Isso somente servirá para atrapalhar o combate ao coronavírus e para produzir danos irreparáveis aos gestores e à sociedade”, diz trecho da carta.

Outros governadores também têm sido alvo de críticas de Bolsonaro. No último dia 26, a Polícia Federal deflagrou uma operação para apurar indícios de desvios de recursos destinados ao atendimento do estado de emergência de saúde pública decorrente da pandemia. A Operação Placebo mirava o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), a quem o chefe do Executivo chamou de “estrume” na reunião ministerial de 22 de abril.

Essa semana, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) publicou em suas redes sociais que “previa” uma operação da PF nos próximos dias mirando o governador de São Paulo, João Dória (PSDB). O tucano também foi criticado por Bolsonaro na reunião ministerial, sendo chamado de “este bosta”.

Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta sexta, o país acumula 41.828 óbitos pela covid-19. Foram registrados 828.810 casos confirmados desde o início da pandemia.  (Por Flávia Said, do Congresso em Foco).  

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