Segundo dia do FIEC Summit 2024 reúne palestras técnicas sobre avanços da Transnordestina

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As obras em andamento devem contribuir para a estrutura logística da região - Foto:Divulgação/FIEC.
As obras em andamento devem contribuir para a estrutura logística da região - Foto:Divulgação/FIEC.

O segundo dia de programação do FIEC Summit 2024 reuniu, na manhã desta terça-feira (13 de agosto), especialistas e representantes das principais instituições envolvidas na cadeia do hidrogênio verde (H2V) para uma rodada de palestras técnicas sobre temas como os avanços das obras da ferrovia Transnordestina, a segurança na operação do hidrogênio e os cenários para a indústria nascente de H2V no país.

Realizada em dois auditórios, de forma presencial e com transmissão online, a programação técnica teve início com palestra de Alex Trevizan, diretor Comercial e de Terminais da Transnordestina e Diretor da Nordeste Logística. Trevizan apresentou o projeto da Transnordestina, que ligará municípios do Piauí, de Pernambuco e do Ceará ao Porto do Pecém, onde está localizado o Hub de Hidrogênio Verde do Ceará.

Segundo o diretor Comercial, as obras em andamento devem contribuir para a estrutura logística da região, que beneficiará, entre outros setores, a indústria de hidrogênio verde, além de promover desenvolvimento nas cidades contempladas com trechos da ferrovia. “A ferrovia Transnordestina vai ser um indutor de novos investimentos. O Nordeste é muito rico em consumo de combustível, minérios, grãos, e a ferrovia vem somar a esse volume, gerando desenvolvimento não só para a logística, mas para as cidades por onde a ferrovia passa”.

Luis Carlos Queiroz, presidente do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado no Ceará (Sindienergia-CE), um dos 40 sindicatos associados à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), apresentou a atuação da entidade no segmento de energias renováveis, incluindo em prol da aprovação do marco legal do H2V no Brasil.

Ao destacar as ações para fomentar a indústria do hidrogênio verde, Luís Carlos elencou as soluções da FIEC nas áreas de capacitação de mão de obra e inovação. “Existe uma cartela de oportunidades dentro da FIEC. Temos o SENAI, que possui um portfólio de capacitação técnica de profissionais; temos o IEL, que possui capacitação voltada para a gestão; temos o SESI, que prepara a indústria na área de Saúde e Segurança do Trabalho; e temos um acompanhamento das empresas dentro do Sindienergia”.

Segurança no uso do hidrogênio

A segurança na produção, no armazenamento e na distribuição de hidrogênio também foi abordada durante a programação. Rafael Silva, da DNV South America, palestrou sobre a gestão de riscos para garantir a integridade de pessoas, dos projetos e do meio ambiente, acrescentando que o controle desses fatores é essencial para potencializar os benefícios do combustível.

Já Fernanda Amorim, Executiva de Vendas da Vallourec South America, que pertence ao segmento de tubos de aço, apresentou um sistema pioneiro desenvolvido pela empresa capaz de armazenar até 100 toneladas de hidrogênio com máxima segurança.

“Hoje, a gente sabe que fontes de hidrogênio verde e de energia eólica e solar têm intercorrências, então esse sistema é um buffer de segurança que também pode armazenar excesso de produção. Ele minimiza paradas inesperadas e, além disso, consegue fazer um ponto de segurança de abastecimento em lugares remotos”, explicou.

Cenários para a indústria

Em debate sobre a transição energética e os cenários para a indústria nascente do H2V, o Professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Nivalde Castro, afirmou que a economia brasileira possui uma das maiores e melhores matrizes renováveis do mundo. “Enquanto o mundo quer fazer a transição chegar a 85% em 2050, nós já chegamos. Nossa transição é muito mais na lógica da transformação econômica do que transformar nossa matriz em renovável”, diz Castro, acrescentando que, entre os desafios para acelerar esse processo, estão o fortalecimento das instituições e a integração de projetos e programas com foco na neoindustrialização.

Representando a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o Analista de Produtividade e Inovação Jorge Boeira falou sobre um relatório elaborado pela instituição com 12 insights sobre o hidrogênio. O documento pontua que o hidrogênio no Brasil deve ser priorizado para descarbonizar áreas onde o uso direto de energia renovável não é possível, e que o combustível representa uma oportunidade para o crescimento sustentável no setor industrial brasileiro.

“A grande questão é mostrar que o Brasil tem vantagens competitivas para desenvolver a indústria de hidrogênio, incorporando valor à nossa produção nacional, e trazer uma série de benefícios socioeconômicos, ajudando a enfrentar os desafios da neo industrialização e contribuindo para ampliar o debate sobre o hidrogênio dentro da estrutura produtiva do mundo”, salientou Boeira.