Visão: Orientações para o crescimento estável da economia chinesa em 2022, por José Nelson Bessa Maia

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A China é a segunda maior economia do mundo e a mais dinâmica, de modo que os rumos e o ritmo de seu crescimento impactam fortemente a economia global. Em 2021, a China manteve uma posição de liderança no mundo em termos de crescimento econômico e controle na pandemia de Covid-19, com avanços também na área tecnológica, resiliência no setor industrial, reformas estruturais, eliminação da pobreza e no combate a mudanças climáticas.

O governo chinês definiu no final do ano passado os contornos de sua política macroeconômica para 2022.1 Realizada em meados de dezembro de 2021, a Conferência Central de Trabalho Econômico da China, apontou para a necessidade de priorizar a estabilidade da economia e buscar o progresso em meio a pressões de contração na demanda, choques de oferta e expectativas externas adversas.2

Para reativar a demanda interna, o governo chinês sinalizou que aliviará os custos para as empresas de modo a atenuar a pressão de alta nos preços no setor produtivo e assim reforçar as margens de lucro. Na Conferência, também foi dada ênfase ao aumento do investimento privado e ao lançamento de novos projetos de infraestrutura. Para garantir o crescimento econômico estável, a China adotará uma política fiscal proativa acoplada a uma política monetária prudente e apropriada, garantindo liquidez ampla, de acordo com o divulgado pelas autoridades.3

Assim, a Conferência Central mencionou novos cortes de impostos e tarifas de importação, mais apoio creditício a pequenas e médias empresas e ao setor industrial manufatureiro, redução de riscos em geral e a adoção de ajustes no marco regulatório para investimentos de empresas estrangeiras.Ademais, a China também prosseguirá com a reforma nas empresas estatais e nos setores de monopólio natural e dará suporte ao seu pujante mercado imobiliário para melhor atender à demanda, além de adotar políticas urbanas específicas para impulsionar o desenvolvimento ordenado deste importante setor.4

Por conta de seu elevado desempenho econômico, a atratividade de seu grande mercado interno e esforços de facilitação e liberalização de investimentos, o ingresso de investimento estrangeiro direto (IED) na China superou a marca de um trilhão de yuans (US$ 157,5 bilhões) em 2021, conforme o Ministério do Comércio chinês, quase igualando o volume de IED que entrou nos EUA no mesmo ano.5 O valor de IED chinês em 2021 superou os US$ 149,3 bilhões apurados pela UNCTAD em 2020, um ano marcado pela eclosão da pandemia de Covid-19.6

Para estimular ainda mais a entrada de IED em 2022, a China encurtará a lista negativa de investimento estrangeiro, facilitará serviços para empresas e projetos com financiamento externo e promoverá um ambiente de negócios baseado em leis e mais conveniente para divulgar suas oportunidades de mercado globalmente.

De acordo com o Banco Mundial, apesar do dinamismo econômico, a transição para o crescimento de alta qualidade na China, definido como um crescimento equilibrado, inclusivo e verde, é um processo desafiador de reequilíbrio, mas reformas estruturais podem ajudar a reduzir e abreviar os dilemas de política. O Banco destaca três desafios: i) o reequilíbrio da demanda externa para a interna e do crescimento impulsionado pelo investimento e da indústria para uma maior ênfase em consumo e serviços; ii) o reequilíbrio entre o setor público e o setor privado, e iii) a transição de uma economia de alta para uma economia de baixo carbono.7 Tais desafios, por mais complexos e de largo alcance que sejam, já estão sendo enfrentados pelo governo chinês na execução de seu 14º Plano Quinquenal (2021-2025) e sua superação contribuirá a sedimentar para o país um padrão de crescimento estável, sustentado e de alta qualidade.8

Pelo seu porte econômico e demográfico e dinamismo nas cadeias produtivas, a China desempenha um papel importante no esforço multilateral para enfrentar os desafios globais. A China tem contribuído para acabar com a crise pandêmica e garantir uma recuperação inclusiva e verde, por meio da sua abordagem exitosa de controle da circulação do vírus, da ampla distribuição de vacinas anti-Covid-19 a países menos desenvolvidos, de seu empenho para tornar a Iniciativa “Cinturão e Rota” (BRI, sigla em inglês) mais voltada para as preocupações ambientais, ajudando nos esforços multilaterais para colocar a dívida dos países de baixa renda em uma posição sustentável, além de contribuir para um sistema de comércio internacional mais aberto, estável e baseado em regras.9

Avançando agora para alcançar um crescimento mais estável e sustentável, a China dá mais um passo no sentido de ajudar a estabilizar o crescimento global, apoiar a governança econômica internacional, superar as cicatrizes deixadas pela pandemia e contribuir de forma significativa para os esforços mundiais de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e construção de uma economia de baixo carbono. Fonte original do artigo – China Radio International/CRI ( http://portuguese.cri.cn/news/world/408/20220124/730565.html)

(*) José Nelson Bessa Maia é mestre em Economia e doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador independente das relações China-Brasil, China-Países Lusófonos e China-América Latina.

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